Compositor: Acho Estol / Arthur de Faria / Helio Flanders
Eu sei que eu tô um pouco duro
As pessoas tão me olhando esquisito
Nesse buzum careta
Azar, quero conversar
Recém sai da cadeia
Por um morto que não matei
Mas como eu sou um mentiroso
Ninguém quis acreditar
Já sei que tô gritando muito
O motora vai me mandar descer
E os que eu vou encarando
Não querem nem me olhar
E o gordinho dos dreadlocks
Não quer me convidar
É claro que tem um fininho
E isso não viria mal
Eu sempre soube que tinha um encontro
Com umas grades pra cumprir
O mesmo medo me foi levando
Como a agulha chama o faquir
Será que me faltam dentes?
Porque que quiseram ir?
E quando eu estou animado
Tenho tendência a cuspir
E, além disso, eu cheiro estranho
Porque acabo de sair
Os culpados de aqui fora
Não me querem incluir
Eu não paguei pelo que, sim fiz
Mas o destino sabe somar
E, bem aí, essa loira magrela
Quase sorri antes de descer
Teu celula não atendia
Agora te sinto bem
Quando te agarrar esta noite
Como eu vou te querer!
E para fazer-me de poeta
Não digo de uma
Que nesse túmulo maldito
Não há visitas de prazer
E nunca vão entender os otários
O sabor do céu que vai ter
O que me vai cozinhar minha velha
Quando, amanhã, eu voltar a vê-la